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A CICLISTA

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Amigos,

Todos já sabem que tenho planos de agregar conteúdo poético às imagens digitais que criei em décadas de atividades com o computador. O falecimento do meu filho Rico, por Covid 19, meses atrás, deu motivo a criação de uma primeira animação que denominei "O Vaso de Flores". Um poema digital, que além de pretender homenageá-lo pelo que significou na minha vida, demonstrou minha vontade de dar seguimento ao que juntos planejamos. Ricardo era um profissional de mão cheia da área. Hoje, vou tentar contar a estória de outra imagem, aliás todas elas tem a sua. 

 

Trata-se, também, de um novo poema digital e, foi construído com o auxilio do mesmo profissional que participou da primeira animação, Pedro Teles Rodrigues, mais conhecido como Peu Teles, que detém à mesma competência técnica de meu filho e, duas a mais, é compositor e assobiador. Voltando ao tema da estória, escolhi a imagem de uma ciclista que colhi pela Internet, de um museu Espanhol e a submeti ao que denomino "Interferências em imagens de terceiros", são procedimentos capazes de transformar qualquer imagem, numa nova imagem, com identidade própria e, num contexto totalmente diferente. A seguir, as duas imagens e o resultado conseguido.
 

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A definição do “storyboard”, a mensagem a ser transmitida, foi objeto de algumas discussões interessantes. Partiu-se inicialmente da ideia de que a ciclista entraria em cena da esquerda pra direita assobiando “Nada será como antes” de Milton Nascimento. Alguém questionou o assobio, já que bicicleta não era de passeio e a ciclista não teria fôlego para arfar e assobiar ao mesmo tempo. Foi sugerido também que ela indo da esquerda pra direita, o som teria de ser do Hino fascista Giovanezza e, que logo que saísse de cena pela lateral direita, se ouvisse o som de uma frenagem violenta de carro, um ruido de pancada e uma voz imitando Chico Buarque anunciasse: “... e morreu atropelada atrapalhando o trânsito!”. No final, prevaleceu o bom senso. Pedro Teles, com as seguintes palavras:

”Eu gosto muito das sutilezas desse vídeo. Eu enxergo uma pessoa fragmentada, inacabada, frágil, mas que, apesar disso tudo, pedala. Pedala nesse mundo surreal, de paisagem distorcida, num solo que não traz segurança, mergulhada num tráfego caótico e oferecendo perigo. A ideia das toneladas de metal que passam por perto contrasta com esse corpo fragmentado, de estrutura exposta. Mas ela assobia, e é uma música perseverante, que sugere um amanhã. Agora imaginar ela batendo ou sofrendo um acidente é algo bem frustrante pra mim”.

E assim foram encerradas as discussões. O vídeo foi gravado como inicialmente previsto, com assobio e Nada será como antes. Minha opinião é de que a animação está perfeita no sentido simbólico da mensagem e, com pequenas distorções visuais, nas telas de grandes dimensões, que esperamos um dia corrigir. Espero que gostem.

Um abraço,
Henrique A B Azevedo

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